Eis-me vergado...não submisso


Passo pelas esquinas de muitas ausências, mas nunca me esqueço das sombras que deixei presas a tantas penumbras de passados inapagáveis.

O fluxo, através das margens que paradas parecem, não me deixa estacado na profundidade do quase esquecimento temporário, de quem nunca se demora abandonado nas imagens reflectidas do seu contra-luz.

Ultrapasso a essência desses reflexos impalpáveis e quedo-me na interiorização dum ego quase absoluto. Absoluto no desejo e na esperança dos amanhãs que vogam na voragem dum tempo indizível, instável e repetitivo.

As minhas sombras de ontem, empapadas nas incisuras graníticas dum tempo iterativo, deixam laivos de mim, para tantos como eu que só reparam nas sombras dum futuro indecifrável e ignoto.

A minha bola de cristal nada me diz de mim, nem das minhas sombras e penumbras, mas deixa-me antever um futuro que, por cinética inevitável, é fruto de uma lenta valsa de construtores de mortes inadiáveis, num cemitério desde sempre anunciado.

Buscando, já não rebusco os arquétipos que argonautas do impossível tentaram erigir sobre margens de luz e infinito sem alicerces.

Morro, como todos, uma infinitésima parte da minha existência, em cada segundo de Cronos adormecido.

Se algum dia acordar deste Tanatos inevitável, chegarei concerteza à Domus deificada de Penates renascidos e Fénix retornada.

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