Em nome de “deus”… parafraseando, em nome de DEO
(imagem da net)
Aqui piedoso entulho os ossos come
…Deum de Deo, lumen de lúmine, Deum verum de Deo
vero…
Assim se rezava no CREDO, em latim.
Credo! Ainda me recordo dos meus
anos de seminário e a missa em latim.
Os funâmbulos do malabarismo
político, parecem querer regenerar, em nome de Deus, a tortura dum credo
contínuo, o chamado “credo na boca” que os portugueses sentem nas poucas côdeas
a que têm direito, embora por linhas tortas.
Arranjam cada sigla, em contexto
de guerra política, que quase parecem divindades a zelar a miséria dos penates.
Sei que poder ainda vão tendo, embora anquilosado nos seus enferrujados gonzos,
mas não há poder, essencialmente deste tipo, que seja duradouro.
Em nome de DEO (“deus”) sabemos
que os ventos do IVA vão soprar mais fortes e assim todos saberemos que essa aragem
de mais 0,25%, vai ser paga por TODOS. Afinal “deus” é amigo e na sua luz está
a verdade que as vozes políticas renegam. São as mesmas vozes que propalam, com
base em falsas, mas convenientes, raízes do mal, a libertação triunfal num cenário
quase setecentista e sob a cronometragem dum defenestrável e irrevogável “Vasconcelos
do século XXI”. Quase nos fazem crer que as guerras de alecrim e manjerona se
transformaram nos amores de Romeu e Julieta.
Em nome de um “deus” castigador querem
fazer-nos crer, com larachas à europeia, que nos libertaram da cloaca que
somos, onde continuarão a desaguar todos os dejectos da agiotagem que os
protege e nos promete, daqui a meio século, um mundo novo, mas sem memória do
sofrimento e da sua própria autonomia. Seremos autómatos de uma Europa sem
valores humanos e dum mundo onde vingarão os oportunistas e mentirosos.
Em nome de “deus” prometem o que
não cumprirão, até porque já lá não estarão…mas o seu legado irá relembrar, em
cada morte anunciada, as cinzas de dor que deixaram, em nome duma falsa salvação.
Jamais se dissiparão da memória os
factos bem como a sua persistente e interessada distorção.
Em nome de “deus” o sangue do
povo é sugado à custa de uma saúde reduzida à ínfima e milimétrica partícula,
por grupos económicos interessados em viver sobre cadáveres ambulantes, zombies
dum filme “Requiem por um SNS desmantelado”.
Um dia, como “os míseros cavalos
lazarentos” de Nicolau Tolentino, todas as vítimas deste “deus” terão, como
coroa e auréola, um majestoso epitáfio em honra dos seus sacrifícios, não “em
negra pedra”, mas em “outdoors” e bandeiras partidárias, disseminadas pelo campo
da hecatombe:
Aqui piedoso entulho os ossos come
Do povo mais estóico e explorado,
Que fora eterno, a não morrer de fome.
Assim, numa autêntica sinfonia de
hossanas gritarão a frase com que os primeiros cristãos se despediam daqueles
que morriam, desejando-lhes felicidade eterna: “Vivas in Deo”(que tu vivas em Deus)
Em nome de Deus (DEO), da luz (lúmen)
que obscurecem e da verdade (verum) que deturpam, fazem-nos crer no seu DEO.
Eu, vítima como tantos, e menos
que a maioria, apenas direi aos que ainda podem evitar ser personagens de um
filme de terror: ACORDAI.
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