O homem e...o homem novo



(publicado noutros blogues do autor)


Somos um país “sui generis”. Está na nossa genética peninsular e disso não nos livramos. Além de minúsculos, somos megalómanos, mas também vingativos e, por vezes, intolerantes.
Nestes últimos seis anos o País foi dirigido por um homem que alimentou ódios e mal-estar nos seus opositores, mesmo que partidários da “rosa”. Desde o início do seu mandato serviu de alvo a abater. Ninguém parecia querer mal ao partido que dirigia, pois as baterias apontaram sempre, nestes seis anos, apenas na direcção desse homem.
Importunaram-se com a forma como obteve o seu curso superior, com a sua amizade e relacionamento com os implicados no negócio Freeport, com os seus projectos de casas nas beiras e com as suas amizades com determinadas pessoas ligadas a duvidosos negócios de sucata.
O homem, com muita paciência e alguma crispação (quem não se sente não é filho de boa gente), lá foi aguentando todas as insinuações e afrontas. Determinados grupos dos “media”, a soldo de grupos indignados, davam ênfase a muitas destas suspeitas, tentando julgar o homem em praça pública, como se jornalista ressentido fosse equivalente a juiz inquisitório.
Havia necessidade de abater o homem, nem que fosse numa salada de invenções caluniosas.
O País, dizem e não está longe da verdade, afundou-se economicamente mais nestes seis anos que em quase todos os anteriores governos. Mas a verdade é que também os seus acusadores esquecem que, no reinado deste homem, o país criou maior bem-estar social, conhecimento e poder tecnológico que em todos os anteriores. O ordenado mínimo cresceu e teve promessa de atingir os 500 euros (miserável ordenado mínimo se comparado com outros países da EU).
Também os seus delatores se esqueceram que, a partir de 2008, a crise económica mundial teve efeitos cumulativos e potenciadores em todas as crises dos países com economias mais frágeis, como Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, etc. Da mesma forma a agiotagem das agências de “rating” iniciou a caça ao tesouro europeu. Por acaso esse homem, tão espicaçado pelos opositores, seria o dirigente da Grécia, Espanha, Irlanda e outros países aflitos? E os problemas não eram comuns?
Já viram que os países, em disputa pelos grandes grupos económicos e agências de “rating”, são aqueles que melhores destinos de férias possuem? Dizem-se recantos extremamente apetecíveis pelos senhores do capital, que pretendem escolher e ficar com os mais belos e recatados, roubando-os às populações desses países. No fundo eles querem ser donos, a título grátis (juros incomportáveis cobrados) desses belos recantos que privatizarão e transformarão em condomínios privados de super-luxo. Só não vê quem for cego.
Cá dentro, os opositores daquele homem alinham na chantagem e forçam a entrada do FMI. Em vez da independência duma Pátria com cerca de 900 anos, preferem a subserviência à agiotagem internacional.
Agora, com as consequências do “forcing”, já temos intrusos na nossa governação nacional. Não faz mal, dirão muitos, pois já cá tínhamos gestores de grandes empresas que eram estrangeiros, também poderemos ter um Governo estrangeiro.
É isto mesmo, amigos, um Governo estrangeiro. Tudo o que sair destas dispendiosas e desnecessárias eleições, não irá passar dum “verbo de encher”. Os nossos governantes a eleger serão elementos de “um Governo fantasma”, pois apenas terão um peso minúsculo na eficácia governamental. Nem sequer terão um quarto do poder, tendo que cumprir as directrizes do FMI. Ninguém venha com histórias! Podem lá colocar o Coelho da Madeira que fará o mesmo que o outro Coelho (O PPC). Não passarão de um bando de carneiros obedecendo ao seu pastor. Vamos ver para crer.
No entanto, aquele homem foi o alvo a abater, não o seu partido (embora este o fosse por arrasto) e era apontado como o único culpado do “afundanço” nacional. Errado e desculpas de maus pagadores. Tudo vem já detrás, anos antes, em que os partidos e coligações que lá passaram, gastaram a seu bel-prazer e tudo se foi acumulando. Nos governos cavaquistas e seguintes, todos gastaram e desperdiçaram as enormes tranches, a fundo perdido, vindas da EU. Foi um fartar de maus gastos, roubos descarados, criação de clientelismos vergonhosos. Os políticos e amigos, na sua maioria, enriqueceram a olhos vistos. Exageradas mordomias eram uso corrente na classe política e seus boys. Milhares de empresas criadas e falidas, pouco tempo depois… era dinheiro a fundo perdido, não importava. Necessário era gastá-lo, de preferência mal, mas com proveito para os boys.
Quando aquele homem começou a governar a entrada desses dinheiros, a fundo perdido, diminuíram significativamente. Foi o mal, pois ele julgou que poderia manter os consumos, com menos entradas a tapar buracos! Assim o buraco teve um agravamento abissal. Ainda cortou as famigeradas “subvenções vitalícias” dos ex-políticos, mas já tarde, pois ainda os actuais as irão receber. Seria bom que as retirassem a todos os que as recebem, com efeitos retroactivos, pois não correspondem a qualquer merecimento, essencialmente se tivermos em conta que temos péssimos políticos.
Não se vigiou, nem pôs travão à corrupção e até se criou a lei dos 60% - 40% , uma autêntica lei de Ali Babá e dos 40 ladrões, aprovada em AR. Simplesmente horroroso!

Agora chegou a hora de se escolher um novo Governo fantasma (como se sabe). Todos se digladiam e os abutres e chacais doutros governos anteriores já rodeiam o “homem novo” que se entusiasma em discursos inflamados, com alguns tiros nos pés. Fará alianças com o partido do outro homem, mas nunca com o dito. Verdadeiro acto democrático!
Entretanto as sondagens dão-lhe novo ânimo e o “homem novo” pede a maioria absoluta para ser governado pelo FMI. Um verdadeiro feito! Reinar para não ter reino.

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