Formas de ver...

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Após duas semanas de repouso, balanceado entre o “dolce fare niente” e algum lazer campestre, com laivos agromaníacos, regressei às lides clínicas, e calhei de pensar nos últimos acontecimentos, quase repetitivos, do nosso mundo político.
A avidez dos títulos académicos de tantos “jotinhas” imbecis e energúmenos leva-os, como sempre, às intituladasUniversidades de Verão”. Para mim não passa de uma nojeira para a cambada de ganapos, que ao “estilo Relvas” pretendem uma iniciação no mundo infame da colheita de créditos baratos para ingresso em instituições “tipo Lusófona”, também apodadas de Universidades (que deixam dúbios rastos). Não passa de uma fogueira de vaidades onde alguns pretendem ser universitários de pseudo-ciências políticas (de conteúdos tendenciosos) e outros até se intitulam Reitores da Universidade, como Carlos Coelho, numa impada vaidade de quem nunca tal título poderá atingir, a menos que por “demérito” partidário. Envergonham-me os verdadeiros professores doutores que embarcam nesta farsa e se deixam arrastar pela cinética doentia do orgulho e disciplina partidárias.
No PSD, tal como no PS, a moda das Universidades de Verão ganhou estatuto. Mas porquê “Universidades”, autênticos baluartes do conhecimento, e não “Encontros Políticos”, “Fóruns”, “Reuniões”, “Oficinas” ou até o anglicismo “Workshops”? Universidades?...é um atropelo e atentado às verdadeiras Universidades, mas…lá está, vaidades, puras vaidades e algum chico-espertismo para futuras e fáceis promoções que por aí pululam nos “boys” da nação.
Espanta-me que o verdadeiro e original professor-doutor da via promocional, se encontre em território maubere (onde recebeu “aliciantes” mensagens e incentivos), e não faça parte de nenhum painel de “botadores de faladura”, conforme se poderá ver em http://psdeuropa.eu/univerao/uv2012.asp .
Como é deveras frustrante ver tanto dano causado ao Verão e às Universidades! E, já agora, no caso deste partido, analisem e reparem no paradisíaco local e nos aposentos. Próprios de quem vive com salário mínimo ou sob reajustamento económico!

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Chegaram os três estarolas para a quinta avaliação. Já trazem a carteira mais recheada, pois o lucro (superior a um terço do valor do empréstimo) vai entrando nos seus bolsos, enquanto muitos gregos e portugas se vêem “aliviados” dos seus pertences. Já vomitam conhecimentos de má gestão, umbilicalmente danosa, desses estados europeus, pois é o que se tem depreendido no decurso dos caóticos reajustamentos. Contudo ninguém lhes vai pedir contas finais e explicações por tão danosas e perniciosas medidas, quiçá encomendadas pelo imperialismo do dólar, que se tornou menos notório que o euro. Todavia os pais da “eurogénese” continuam, babados e apalermados, deixando-se lograr pelos promotores da experiência económica jamais vista. No fim, concluirão que afinal eles queriam era minar alguns alicerces da velha Europa e fazerem uma verdadeira “vendetta”. Da banda de cá, os Passos continuam perdidos e as Relvas bem escalpelizadas, mas o “povo é que sofre”.
Levantam-se, por recônditas margens, algumas vozes sonantes da velha guarda de gestores, que procuram anunciar novas desgraças como se de graças se tratasse. Realimentam as suas próprias gorduras e as da sua prole, num autêntico assalto a tudo que seja do povo. É que a riqueza pública, quando dividida por todos, só lhes fornece uma nica, daí que, privatizada, já lhes dará bastante mais, pois são menos cabeças, e da mesma seita. Como é fácil entender certas privatizações, autênticos assaltos aos bolsos do erário público, sem qualquer pudor.

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 Hoje também li que o governo perde no IVA o que ganha no corte de alguns subsídios. E a guerra dos comentadores alimenta o terçar de armas entre os defensores da causa e deveres públicos, versus privados.
Deu-me vontade de rir, e nem sequer rebati, a teoria de um tal Martim Avillez, num artigo do Expresso (há cerca de quatro semanas, se não me engano) que afirmava taxativamente que as remunerações dos médicos dos hospitais públicos eram maiores que os dos hospitais privados. Com certeza não se deu ao trabalho de ver as tabelas remuneratórias de ambos, nem se informou dos prémios (incentivos) adicionais dos médicos privados. Muito menos se deslocou aos hospitais EPE e aos do grupo Mello, CUF e Fundação Champalimaud, onde iria confirmar o seu engano. Talvez estivesse a incluir horas extras de alguns médicos em regime de exclusividade de 42 horas (regime já desaparecido há cerca de cinco anos).
Todavia creio que, mesmo sem intervenção do Tribunal Constitucional, seria fácil concluir que a aplicação da pena aos funcionários públicos, com roubo dos dois subsídios, não passa de uma injustiça, novo imposto duplicado e até quadruplicado, às famílias com funcionários públicos. Como já referi, as taxas de usurpação de dinheiro são gigantescas em alguns lares, onde os dois elementos do casal já tinham sofrido um corte de 3 a 10% nas remunerações mensais desde Janeiro de 2011, e agora se vêem sem os quatro subsídios, na sua íntegra. Façam contas e vejam as perdas dessas pessoas que normalmente são quadros superiores duma máquina pesada e necessária para manter a Saúde, a Educação e a Justiça de um País inteiro, máquina essa que os patrões da privada se recusariam manter. Há famílias de classe média que chegam a ser taxados com mais de 50-60% de toda a sua remuneração anual, enquanto muitos “gestores” e riquíssimos senhores da economia privada pagam impostos a 7,5% dos seus dinheiros desviados para o estrangeiro, mas angariados no nosso país. Esses também não perderam qualquer dos subsídios.
Não vale a pena virar os mal pagos do privado contra os também mal e até mais bem pagos da pública. Isso é o que os senhores do dinheiro pretendem, só para continuarem a pagar mal no privado, a fim de amealharem para si a grande fatia de lucros do trabalho. Se ninguém trabalhasse para esses senhores, a sua fortuna iria sumindo e então veriam como eles, ao fim de algum tempo, estrebuchariam.
Os patrões da privada não desempenham, no país, funções de soberania, pelo que não têm que pagar ordenados nem reformas a Juízes e magistrados do Ministério Público, técnicos superiores dos ministérios, médicos, professores e muitos outros quadros superiores. Daí, ser falsa a ideia do salário médio mais elevado na função pública. Será um erro pensar que todos os mecânicos e trabalhadores braçais ganham mais no público que no privado. Analisando bem, e sem ideias tendenciosas de neoliberalismo faccioso, verão que, em muitíssimas artes, até será o contrário. Vejam quanto pagam a determinados artistas que chamam às vossas casas quando necessitam do seu trabalho, depois façam a comparação com quem só ganha aquele certinho, com descontos na fonte e sem hipóteses de fuga ao fisco.
Enfim, não vale a pena alimentar polémicas que agradarão a muitos desestabilizadores. Contudo, teremos que reconhecer que existem profundas injustiças e muito oportunismo, quer no público, quer no privado, mas tal não deverá servir de arma de arremesso a uma só das partes. 

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