Chegar, observar...programar melhor

Não sei se a constituição deste Governo defraudou as expectativas gerais, mas na realidade contava já com elenco similar, para além deste ou daquele nome mais sonante, ou de alguém recuperado dos Governos guterristas. Desiludiu-me apenas, como a muitos como eu, a anémica representatividade feminina que se quedou por dois ministérios, em dezasseis, e por quatro secretariados de Estado, em trinta e cinco. Parece-me pouco se atendermos que as mulheres hoje representam uma belíssima fatia dos nossos quadros técnicos superiores, algumas de elite e valor relevante. Mas nada se perde, acreditando que não se vai cair na loucura de movimentações feministas de Mulheres Socialistas (e “independentes” afins) , essencialmente de algumas que já passaram pelos Governos Socialistas e não me deixaram qualquer saudade. Receio um pouco a falta de “poder de encaixe” de mulheres com valor reconhecido, como Ana Benavente, Edite Estrela, Ana Gomes e outras, mas o poder não pode contemplar todas as que por lá passaram...e valores há muitos, felizmente, fora os que não militam nas cores Socialistas. Estamos expectantes perante o Programa a apresentar e que queremos ver cumprido, para além de todos os défices e querelas económicas e laborais. Espero que na reestruturação da Administração Pública sejam revistas as mordomias exageradas dos políticos, acabando de vez com tanto gasto, tanta ostentação e, acima de tudo com direitos que outros funcionários não têm, dentro e fora da Administração Pública. É preciso rever as subvenções e indemnizações dos “boys” do poder político, as contagens a dobrar do tempo de serviço (um autêntico bónus, imerecido, que menospreza e avilta qualquer funcionário que luta diariamente em trabalhos de muito maior risco), e muitas outras alcavalas de ordem logística quotidiana, para já não falar de honorários abastados, quando também comparados com os de muitos quadros técnicos superiores que trabalham para a Administração Pública. É preciso acabar com cidadãos de primeira e de segunda dentro do funcionalismo público, incluindo os políticos que são transformados em funcionários públicos transitórios e efémeros, mas que comem a maior fatia do orçamento da Função Pública. Acabem com essas discrepâncias injustas, mas acima de tudo acabem mesmo com a pobreza e a miséria deste país que se pretende europeu e de vanguarda.
Ontem li no Correio da Manhã um inquérito que questionava as pessoas (não referia o global de inquiridos) se estavam de acordo que o tempo de serviço dos autarcas valesse a dobrar (só nos primeiros dez anos?) e 96% foram peremptórios no NÃO; apenas 4% disseram SIM (familiares de...ou autarcas?). Cada um tire a sua ilação, mas cá está uma coisa que se deve extinguir. Ridículo que um representante da Assembleia Municipal, que trabalha lá quase de borla, não tem sequer um dia a mais por cada ano de representatividade nessa função de deputado municipal...injustiças de um país que só serve o poder político e alguns seus correligionários.

Já agora não queria deixar de fazer uma alusão ao retorno das Secretarias de Estado a Lisboa. Muitos não gostaram, por óbvias razões, mas na realidade, embora eu seja um apaniguado da descentralização do Poder, acho que, no contexto político e económico do momento, se exige maior eficiência e menores dispêndios, de acordo com Sócrates, já que a distância e a despesa eram maiores. Convirá é governar bem e sem os pruridos de que cada terra deveria ter ou manter uma Secretaria de Estado.

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