Pátria ferida... a dor e o alheamento.
(imagem da net)
Por vezes sinto-me impelido a
mergulhar as mãos no passado. Remexer nas palavras e papéis esparsos, buscando
réstias dum jovem sonhador e rebelde que fui e de que muito me orgulho.
Reviver sem remorsos as
esperanças de outrora, faz-me esquecer as agruras de agora. Realizado sim, mas
algo inconformado com as deletérias atitudes e práticas suicidas dos nossos
timoneiros de hoje. Não que me julgue superior, mas sinto-me homem livre e
liberto de preconceitos e execráveis submissões. Mantenho-me, orgulhosamente, com carimbo de “não
vendido”.
Custa, num quotidiano de
embrulhadas irresponsáveis, ver fugir sob os pés o verde/vermelho da nossa
bandeira que se vai transformando num cinzento/negro desbotado, rumo à fogueira das
inutilidades. Um dia, não longínquo, quando o sangue e as cinzas dum povo não
puderem ser Fénix renascida, quiçá alguns deuses menores se lembrem que
existiu, algures, esse povo resistente e submisso, que voltará mas não se sabe quando, nem em que marasmático estado.
(imagem da net)
Deixo, então, a simplicidade e
caloirice de antanho, neste pequeno poema que…
“É de todos”
Entre a multidão,
sigo, embrulhado numa luta
que é de todos.
Caminho, em silêncio,
recalcando meu sofrimento
que é de todos.
Sofro, por saber
que outros não sentem minha dor
que é de todos.
Sofro com os homens,
inertes, fingindo alheamento
que é de todos.
Não vou sofrer mais…
Sinto nos homens a traição
que é de todos.
(Negrelos, 22/09/1972)
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