De Profundis...medo do não futuro

Na ordem do dia está a comunicação de amanhã do Sr. Presidente da República, após “alguém” ter dito que o Parlamento ia ser dissolvido. Felizmente não me afecta nada porque mantenho a minha virtualidade de deputado-da-abstenção, pelo que sou indissolúvel politicamente e mais ainda neste conturbado período.
Quando refiro que “alguém” exalou essa dissolução obviamente coloco a questão: quem foi a primeira pessoa que disse à comunicação social que o Sr. Presidente ia dissolver o Parlamento? Posso estar enganado, mas creio bem que foi o Sr. Primeiro Ministro, quando saíu duma reunião com o anterior. Aliás não ouvi ainda nenhuma frase da boca do Dr. Jorge Sampaio a dizer que ia dissolver o Parlamento. Andarei desatento, mas creio que ele apenas referiu que ia reunir-se com os grupos parlamentares dos partidos com assento no Parlamento e com o Conselho de Estado, e só então comunicaria algo ao país. Aguardemos o dia de amanhã...apesar da já anunciada e tão propalada dissolução.
Entretanto têm-se ouvido da boca dos ainda governantes e seus correliginários políticos, as mais infames e indignas reacções a essa dissolução.
Sinceramente não sei de que têm medo esses políticos, pois se acham que governaram bem e estavam no recto caminho para a resolução dos problemas dos portugueses, escusam de ter medo pois não serão certamente punidos nem renegados pelos votantes em Fevereiro do próximo ano, pois o Povo saberá gratificá-los do bem que o Governo lhe fez e das benesses que concederam ao país. Há o velhíssimo ditado que diz que “quem não deve não teme”, mas convém não esquecer que outros dizem “amor com amor se paga” ou “cá se fazem cá se pagam”. Tudo isto para apenas acalmar os políticos que vão deixar o Governo, já que acham que tudo estava bem...logo, não tenham medo do futuro que quem pensar nas vossas razões irá reeleger-vos. Contudo continuem a fazer a vossa campanha em altos brados pois o povo parece andar algo debilitado na globalidade e, por conseguinte, poderá não ouvir nem entender bem os vossos apelos.
Há, no entanto, por aí muita voz da maldicência que já diz que vocês, políticos do Governo, estão com medo de perder pau e bola, e então lá se vão todos os sonhos de usufruir de óptimas mordomias durante mais tempo. Creio que esses são invejosos e do contra, já que não podem ver os políticos, que tanto se esforçam, gozar de maior prestígio e mais regalias que um cidadão vulgar...enfim, invejas de quem lá os colocou.
Também ouvi hoje um representante do CDS-PP, quando saía do encontro com o Sr. Presidente da República, dizer que não ficou nada elucidado sobre as razões que levaram à dissolução do Parlamento. Creio que seria bom ele perguntar na rua, pessoa a pessoa, se haverá alguma razão na atitude do Dr. Jorge Sampaio. Aí ficaria melhor informado e logo por aqueles peões de brega que os levaram a constituir “a maioria legítima” que ele próprio referiu. Mas eu discordo um pouco desse termo “maioria legítima”, pois o povo elegeu maioritàriamente os elementos do PSD, mas estes não constituiam uma verdadeira maioria parlamentar, tendo-se, isso sim, aliado a um contrapeso minoritário que lhes conferiu então, no Parlamento, essa desabafada maioria (não legítima, mas “plástica”) que o povo não escolheu para decidir os seus problemas. Quem escolheu essa maioria plástica e se serviu desabridamente do facto, foram os eleitos do PSD, pois caso contrário até poderiam ainda hoje estar seguros no Governo, embora, verdade seja dita, não caíram por estar aliados ao CDS-PP. Mas tudo contou, pelo que agora chegou a verdadeira hora do “De Profundis...”, mas não tenham medo do futuro, essencialmente se acham que têm razão para continuar, pois como já disse a justiça dessa verdade ou inverdade será feita pelo Povo Português.

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