Vem aí o futuro...tão igual nas desigualdades

Alberto Caeiro, em Poemas Inconjuntos, diz:
“Cortei a laranja em duas, e as duas partes não podiam ficar iguais.
Para qual fui injusto - eu, que as vou comer a ambas?”

Teoricamente este Governo já se foi...na prática ainda poderá causar danos colaterais se não houver anticorpos que os neutralizem. A real bagunçada já não é institucional, não se brinca num cenário político às trocas e baldrocas e os atónitos do mundo surreal já não se divertem a expensas do pobre Zé Povinho.
Infelizmente ainda há nevoeiro que desaparecerá, talvez, a breve trecho, mas sumiu-se o bréu que nos envolvia. Como muitos, senti alívio dum sufoco que não escolhi, e, muitos que escolheram, sentiram-se livres duma penhora que jamais esperavam quando com boas intenções o fizeram. O tempo mostra, em devida e exacta altura, o seu contratempo.
Se o fruto caíu por “bichado”, foi óptimo. A bicharada, por contiguidade, poderia minar novos frutos e seria a putrefacção global. Em bom tempo o tempo foi contratempo.

Os homens adormecem inebriados no seu narcisismo que é efémero, mas o tempo, na sua real crueza, não permite eternidades balofas. Muito menos a atónitos dum mundo surreal.

Vêm aí tempos de mudança e contratempos que poderão arrastar a continuidade do mesmo que, nós mesmos, queremos distante. E a continuidade poderá ter outra máscara carnavalesca, mas, subjacente, o rosto mostrará iguais cores e feições. Dóceis palavras e falsos sorrisos tentarão fazer deslizar os incautos. Cuidado, que as promessas que saem de quem não cumpriu nem agradou, não trarão novas mézinhas e as maleitas prevalecerão, por vezes mais resistentes a nova terapêutica.

Na bipolaridade a que nos limitaram, teremos duas fortes opções: os mesmos, ou os quase-mesmos. As duas partes de uma mesma laranja...e sem sermos injustos, teremos que continuar a comer mais do mesmo, que as partes são semelhantes (mas não iguais).

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