hospitais SA...ditos sem alma e sem autonomia

Sócrates diz, aliás promete, que os hospitais SA não deverão ser entregues a empresas privadas, e creio que essa foi sempre a ideia do PS quando pensou no modelo empresarial: empresa sim, mas com capital de Estado, e regida nos moldes empresariais, com gestão racional, bem fiscalizada, orientada para a modernidade. Rentabilizar a empresa pública, mas sem dar o tesouro aos bandidos. Claro que não faltavam já grupos económicos interessados em usufruir de tudo o que o erário público construíu, a preços de chuva, depois de Luis Filipe Pereira, com subfinanciamento desses hospitais, como sabemos, dar como evidência caprina que o modelo em regime misto (público/privado) não era rentável, nem passível de boa gestão.
Engana-se quem pensa que os desumanizados modelos empresariais resolviam os problemas da saúde em Portugal. Mesmo os grandes grupos económicos só pretendiam rentabilizar determinadas áreas médicas, em detrimento doutras, pouco rentáveis (exº, Medicinas, Oncologias...), e isso iria concerteza gerar conflitos entre os profissionais, também eles pagos como mercenários e sob avaliações de desempenho dúbias e injustas.
Como se sabe os hospitais SA até hoje não provaram ser melhores que os SPA, nem tiveram qualquer acréscimo de qualidade e eficiência em relação ao seu estado anterior, quando trabalhavam para regime corrente de SNS. Este era o 12º melhor do mundo, mas tinha defeitos que se poderiam corrigir sem prejudicar as populações servidas. Era necessário, isso sim, acabar com os desperdícios, roubos e preguicite crónica de muitos funcionários. Vieram os gestores, muitos deles inabilitados e deslocados de ramos opostos à saúde, só para serem bem remunerados, por pertencerem ao SISTEMA político vigente. Filhos e afilhados, como sempre foi. A função desses gestores é simplesmente reciclarem toda a responsabilidade dos vários Directores de Serviços, e apenas a estruturarem, mesmo assim acolitados por administradores adjuntos, também muito bem remunerados para a sua pouca rentabilidade e funcionalidade. Além disso tiveram direito a automóveis novos, pagos por todos nós, em leasing, para se poderem deslocar mesmo fora de serviço laboral, e parece que, com direito final sobre esse mesmo veículo, pagando o valor residual de leasing. Telemóveis à barda para trabalho, mas não só...claro. E os outros funcionários hospitalares? Se querem coisas de valor têm que as comprar...e assim vai economicamente a eficácia dos hospitais SA, em que gestores e administradores dos 31 hospitais ganham juntos, mais que metade dos auxiliares de acção médica desses hospitais , em conjunto. E isto será gerir os nossos interesses? É preciso ter vergonha, porque isto é apenas uma amostra do poder dos políticos neste país, a classe que come cerca de metade do valor dos honorários da Função Pública, mas depois acham que os funcionários públicos estão bem pagos...só se estão a olhar para as próprias carteiras.
Só para rematar direi que a desumanização nos hospitais SA é tal que o utente não passa de mero CLIENTE, como em qualquer supermercado. Em muitos casos não têm direito a transportes para tratamentos, e os que têm reformas miseráveis deixam o total do ordenado nos táxis...ou optam por morrer sem tratamentos. Isto é sério, não é demagogia. Basta interrogar certos doentes e eis a confirmação. E as Urgências? Um autêntico caos, essencialmente nos hospitais que adoptaram o sistema de Manchester nas prioridades de atendimento, e ainda mais grave se tiverem o sistema informático ALERT, uma chucha dos Médicos na Internet...quem quizer que pesquise e vai tirar ilações de doer a cabeça!

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